O QUE EXPRESSAMOS SEM USAR PALAVRAS

 Belíssima entrevista onde Bernard Golse, psiquiatra da infância e da adolescência, psicanalista pela Associação Psicanalítica da França; fala um pouco sobre seu encantador livro: “Bebês, maestros, uma dança das mãos”. 

COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL

Tocaram-me profundamente suas breves reflexões sobre a comunicação pré-verbal que permanece na vida adulta inclusive presente na comunicação não-verbal. Levou-me muito a refletir e contemplar a beleza do silêncio na comunicação eloquente, sem a utilização de palavras. E meditar também sobre as contradições entre o que comunicamos com nosso olhar, nossas expressões faciais, posturais, gestuais… e o que falamos.

SETEMBRO AMARELO

Neste setembro amarelo vem à tona a imensa dor de quem atenta contra a própria vida. Essa pessoa, no auge de sua angústia, com frequência não consegue compartilhar com palavras seu devastador sofrimento. Tão pouco está em condições de ouvir conselhos. Penso que nos cabe o chegar perto, “fazer-nos um” com ela, “sermos ela” de alguma maneira. Descermos junto com ela ao seu porão silencioso, pré-verbal, intraduzível.   

A EXPRESSÃO COMO PREVENÇÃO AO SUICÍDIO

Essa pessoa necessita expressar o que está sentido, essa atitude poderá ser uma porta de saída. Mas esta comunicação não precisa ser verbal. Pode vir em forma de choros e gemidos discretos, evoluindo para expressão de agressividade com chutes ou murros no ar, em objetos ou na água (piscina, mar…). O cuidado aqui é para que não faça mal a si mesmo ou a outras pessoas. E finalmente, na melhor das hipóteses, também através de palavras que expressam mágoas profundas…

QUALQUER EXPRESSÃO, POR MAIS ESTRANHA QUE PAREÇA, PODE AJUDAR

Então nossa atitude silenciosa, não pretenciosa, disponível, poderá facilitar a emersão de tal expressão. E sendo colocados sentimentos que nos pareçam estranhos, lembremos que esta pessoa precisa botar para fora qualquer coisa e que esta saída poderá estimular mais e mais expressões, progressivamente… Neste caso uma atitude de acolhida sem julgamentos, sem discursos, poderá ter enorme eloquência e conquistar melhores resultados.

BELÍSSIMAS FOTOS

No final do vídeo, Bernard apresenta belíssimas fotos de mãos de bebês publicadas no livro, inclusive uma em que um macarrão é empunhado como uma batuta de maestro. Em seguida expõe mãos de maestros na regência de orquestra. Podemos então contemplar a similaridade.

SOMOS “MAESTROS”, UNS DOS OUTROS

A certo ponto comenta: “A mãe é a regente do bebê, mas o bebê também é o maestro da mãe”. Isso me leva a pensar o quanto somos “regentes” uns dos outros, com tudo que deixamos transparecer, antes mesmo de utilizarmos qualquer palavra.

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