Filme da Netflix dublado para o português, expõe o poder manipulativo das redes sociais. Como já é sabido, cientistas do ramo proíbem a seus próprios filhos o contato com tais aplicativos e ferramentas similares que criaram. Expõem depoimentos onde compartilham sobre o poder devastador de tais ferramentas e o quanto eles mesmos se viram vítimas das próprias criaturas.

Somos essencialmente relacionais, necessitamos absolutamente de contato e feedback. Cada estímulo desta natureza aciona nosso mecanismo dopaminérgico, o centro do prazer no cérebro que nos leva ao desejo da repetição cada vez mais, e mais… E o que era inicialmente um desejo, torna-se então uma necessidade artificial, na verdade uma dependência.

O acesso fácil ao retorno que vem on-line através de curtidas ou comentários, é bem diferente da laboriosa construção de um  relacionamento ao vivo. Há sem dúvida uma diferença qualitativa que é suplantada pelo aspecto quantitativo. Assim a era da comunicação tornou-se de fato na era do isolamento gerado pela dependência à “chupeta”, à droga contemporânea que também nos anestesia como um ópio.

Ocupa nosso tempo, de fato o tempo todo… Assim nos distancia de nós mesmos, de nosso quotidiano, da percepção de nossas limitações, frustrações, medos… Mas também nos afasta da contemplação do belo extraordinário que nos rodeia constantemente através das pessoas e da exuberante natureza.

O documentário apresenta uma perspectiva bastante sombria com acirramento das polarizações políticas e a proliferação de fake news  já que a “máquina” analisa permanentemente nosso perfil e nos oferece informações compatíveis com o que pensamos, desejamos, necessitamos… Cada um portanto aprofunda seu próprio aprisionamento a um universo cada vez mais limitado, em bolhas de semelhantes. Neste contexto, o diálogo com o diferente que me enriqueceria abrindo meus horizontes a novas perspectivas, não tem nenhum sentido. Isso porque para as Redes, somos todos apenas mercadorias, consumidores, eleitores, fontes de dados a serem negociados em altíssimos custos.

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